Por Peter Nurse e Jessica Bahia Melo
Investing.com -- Os principais índices futuros em Wall Street registravam queda nesta sexta-feira, 20, antes da divulgação do indicador de inflação mais observado pelo Federal Reserve (Fed, BC dos EUA).
A possibilidade de uma paralisação do governo dos EUA também afetava o sentimento dos investidores, enquanto Donald Trump ameaça a União Europeia com tarifas, o que pode desencadear uma guerra comercial.
No Brasil, o Congresso aprova medidas de ajuste fiscal, mas com revisões que tornam a contenção de gastos menor.
Confira agora mais detalhes dos assuntos que estão movimentando os mercados nesta manhã.
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Os principais bancos centrais do mundo já definiram suas políticas monetárias para o ano. Agora, resta apenas um dado econômico relevante para ser divulgado nesta sexta-feira antes que os investidores possam desacelerar para o recesso de fim de ano: o núcleo do índice de preços de gastos com consumo pessoal (PCE), indicador preferido do Federal Reserve para medir a inflação.
Os riscos de alta na inflação retornaram à atenção do Federal Reserve, após os preços ao consumidor nos EUA registrarem o maior aumento em sete meses em novembro. Além disso, há a possibilidade de que o novo governo de Donald Trump implemente políticas comerciais e fiscais que muitos consideram inflacionárias.
Em resposta, o Fed reduziu sua previsão de cortes adicionais na taxa de juros em 2025 para dois, contra quatro projetados em setembro, ao mesmo tempo em que sancionou mais um corte de 25 pontos-base nesta semana.
Ainda assim, o tom rígido das declarações do banco central sugere que a probabilidade está mais inclinada para menos cortes, ou até mesmo nenhum, no próximo ano. Isso significa que um aumento maior do que o esperado no índice PCE núcleo poderia ter um impacto desproporcional nos mercados.
A expectativa é que o núcleo do índice PCE de novembro registre alta anual de 2,9%, acima dos 2,8% do mês anterior, enquanto o dado mensal deve subir 0,2%, uma desaceleração em relação aos 0,3% observados em outubro.
Os futuros das ações dos EUA recuaram na sexta-feira, antes da divulgação da inflação favorita do Federal Reserve, com os investidores preocupados com uma possível paralisação do governo.
Às 8h (de Brasília), o contrato Dow futures estava em queda de 0,42%, o S&P 500 futures caiu 0,72%, e o Nasdaq 100 futures recuava 1,24%.
O sentimento do mercado foi abalado pelo fracasso de uma proposta republicana apoiada por Donald Trump para financiar o governo por três meses e evitar uma paralisação, rejeitada na quinta-feira. Sem um acordo, está prevista uma paralisação parcial do governo a partir do final desta sexta-feira.
Os holofotes também estão voltados para a divulgação do índice de preços de gastos com consumo pessoal (PCE) núcleo, indicador preferido do Federal Reserve para medir a inflação. Isso ocorre poucos dias após o banco central sinalizar um ritmo mais lento de cortes na taxa de juros em 2025, o que pode impactar negativamente a atividade econômica.
Os três principais índices de ações estão em vias de sofrer perdas semanais acentuadas, com o S&P 500 e o Dow Jones Industrial Average caindo mais de 3% no acumulado da semana, enquanto o NASDAQ Composite está perdendo mais de 2%.
O índice de sentimento do consumidor da Universidade de Michigan é o principal lançamento de dados econômicos, além do núcleo do PCE, enquanto as ações em foco incluem a gigante de entregas FedEx (NYSE:FDX) e a varejista de roupas esportivas Nike (NYSE:NKE).
CONFIRA: Monitor da Taxa de Juros do Fed
Uma paralisação parcial do governo dos EUA tornou-se iminente depois que um projeto de financiamento apoiado por Donald Trump fracassou na Câmara dos Representantes na noite de quinta-feira.
Os líderes republicanos elaboraram um novo acordo após um compromisso bipartidário anterior, apoiado pelo presidente da Câmara, Mike Johnson, ser rejeitado pelo presidente eleito Donald Trump.
Contudo, membros mais conservadores do partido se recusaram a apoiar um pacote que aumentaria os gastos, potencialmente adicionando trilhões de dólares à dívida federal, atualmente em US$ 36 trilhões.
O financiamento do governo expira à meia-noite desta sexta-feira. Caso os legisladores não consigam estender o prazo, o governo dos EUA enfrentará uma paralisação parcial, interrompendo o pagamento de mais de 2 milhões de funcionários públicos.
O Goldman Sachs (NYSE:GS) estima que cada semana de paralisação reduziria o crescimento do PIB trimestral em 0,15 ponto percentual, com um equivalente rebote assim que o governo retomasse suas operações.
Uma guerra comercial entre os Estados Unidos e a União Europeia tornou-se mais provável nesta sexta-feira, após o presidente eleito Donald Trump ameaçar o bloco com tarifas caso não reduza o déficit comercial com os EUA por meio da compra de petróleo e gás americanos.
“Eu disse à União Europeia que eles devem compensar seu enorme déficit com os Estados Unidos comprando em larga escala nosso petróleo e gás,” afirmou Trump em uma publicação no Truth Social.
“Caso contrário, aplicaremos TARIFAS em tudo!!!,” acrescentou.
Trump tem histórico de ameaças com tarifas abrangentes a parceiros comerciais dos EUA, como China, México e Canadá. Agora, a União Europeia parece ser o próximo alvo.
Os EUA foram o maior destino de exportações da UE em 2023, representando 19,7% das vendas externas do bloco, de acordo com dados americanos. O déficit comercial de bens e serviços dos EUA com a União Europeia foi de US$ 131,3 bilhões em 2022.
CONFIRA: Cotações das commodities
Os preços do petróleo caíam na sexta-feira, a caminho de grandes perdas semanais, com o peso de um dólar mais forte e preocupações persistentes sobre a desaceleração da demanda.
Às 8h, os futuros do petróleo bruto dos EUA (WTI) caíram 2,79%, para US$68,61 por barril, enquanto o contrato Brent caiu 1,06%, para US$72,11 por barril.
Um dólar mais forte torna o petróleo mais caro para os detentores de outras moedas, ao passo que um ritmo mais lento de cortes nas taxas poderia prejudicar o crescimento econômico e reduzir a demanda por petróleo.
Na frente da demanda, detalhes limitados sobre mais medidas de estímulo na China e sinais de arrefecimento da demanda de combustível nos EUA também pesaram.
No Brasil, Câmara e Senado aprovaram pacote de corte de gastos do governo, mas com uma série de ajustes.
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A Câmara dos Deputados e o Senado aprovaram os textos que fazem parte do pacote de ajuste fiscal proposto pelo governo, com uma série de mudanças que devem tornar a contenção de gastos ainda menor. O pacote agora segue para sanção presidencial.
Entre as alterações, estão nas regras para supersalários, abono salarial, e no Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). As mudanças foram feitas na Câmara e o Senado aprovou texto semelhante, ainda que não tenham concordado com uso de verba do Fundeb para merenda em escolas.
As medidas visam ajustar as contas públicas e amenizar a aversão ao risco no mercado. De acordo com a Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado, o país precisa apresentar superávits de 2,4% ao ano para estabilizar a relação da dívida pública com o Produto Interno Bruto (PIB).
Às 8h02 (de Brasília), o ETF EWZ (NYSE:EWZ) recuava 0,83% no pré-mercado.