Investing.com – Economistas e estrategistas do mercado financeiro consideraram o pacote de medidas divulgado pelo governo federal como decepcionante, mas entendem que o pior problema do anúncio do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi misturar o assunto com as mudanças na isenção do imposto de renda.
“Hoje, limitar o acesso ao abono salarial e reduzir a velocidade do aumento do salário mínimo pode soar negativo aos ouvidos da população de menor renda”, apontou Leandro Manzoni, analista de economia e editor-chefe do Investing.com Brasil.
“Divulgar que os cortes também vão atingir o andar de cima, como o estabelecimento de um teto para os supersalários do funcionalismo público, limitação dos valores repassados a parlamentares e regras mais restritivas para a aposentadoria de militares e transmissão de pensão não seriam suficientes”, completa, indicando o motivo para a antecipação da reforma da renda. Leia a análise completa aqui.
A percepção de Tiago Sbardelotto, economista da XP (BVMF:XPBR31), é de que o pacote é modesto e veio pior do que o esperado pelo mercado, mesmo com algumas medidas positivas e estruturantes.
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“Apesar dessa parte positiva, trazendo um ajuste estrutural, a maior parte do pacote anunciado traz apenas maior flexibilidade na gestão, permitindo cortes de despesas, ou inclui medidas já vigentes. Por exemplo, a antecipação da biometria obrigatória foi contabilizada como medida de ajuste, mas é de curto prazo e não altera a tendência de crescimento da despesa”, pontua Sbardelotto, ao lembrar que o governo espera crescimento do salário mínimo acima do arcabouço fiscal no longo prazo.
“O pacote fiscal propõe cortes de R$ 70 bilhões em dois anos, ajustes em benefícios sociais e reformas, mas enfrenta desafios legislativos e impacto limitado imediato”, avaliou Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos.
O maior problema teria sido a divulgação conjunta das medidas, tendo em vista o anúncio dos cortes com a isenção do imposto de renda para pessoas que ganham até R$ 5 mil, segundo o economista André Perfeito. “Isso tem gerado mais ruído que o necessário”, argumenta.
Essa é a mesma percepção de Daniel Cunha, estrategista-chefe da BGC Liquidez, que considerou o discurso do ministro como equilibrado e bem construído. No entanto, a fala teria sido prejudicada pelo anúncio da isenção.
“Muito ruim como sinalização misturar os dois vetores numa comunicação só. Era para o momento ser focado e direcionado para uma agenda de disciplina fiscal/contenção de gastos”, concorda.
Cunha enxerga facilidade de aprovação da isenção pela popularidade desta estratégia, mas pondera que as medidas de compensação devem enfrentar resistências para serem aprovadas no Congresso.
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