Analistas de Wall Street avaliam próximos passos do Fed após decisão de ontem
Investing.com — O Federal Reserve (Fed) reduziu sua taxa básica de juros em 25 pontos-base na quarta-feira, 18, marcando o terceiro corte consecutivo, mas sinalizando prudência em relação ao ritmo de reduções futuras.
Conforme amplamente previsto, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, sigla em inglês) ajustou a taxa de juros para a faixa-alvo de 4,25%-4,5%, retornando ao nível de dezembro de 2022, período em que o Fed elevava juros para conter a inflação.
CONFIRA: Curva de juros dos EUA
Embora a decisão em si não tenha causado surpresa, o foco recaiu sobre a projeção do Fed em meio a uma inflação persistente e um crescimento econômico robusto—condições que geralmente não favorecem uma política monetária expansionista. No gráfico de pontos atualizado, o banco central prevê apenas dois cortes de juros em 2025, reduzindo pela metade os quatro previstos em setembro.
Considerando cortes de 25 pontos-base cada, o Fomc estima mais dois cortes em 2026 e um adicional em 2027. O comitê também revisou para cima sua estimativa da taxa “neutra” de longo prazo, que passou para 3%, levemente acima da previsão anterior.
“Com a ação de hoje, reduzimos nossa taxa de política monetária em um ponto percentual completo desde o pico, e nossa postura agora está significativamente menos restritiva”, afirmou o presidente do Fed, Jerome Powell, na coletiva após a reunião. “Podemos, portanto, ser mais cautelosos ao considerar novos ajustes em nossa taxa.”
Pelo segundo encontro consecutivo, houve voto dissidente. A presidente do Fed de Cleveland, Beth Hammack, se opôs ao corte, preferindo manter a política anterior. Em novembro, a governadora Michelle Bowman também dissentiu, tornando-se a primeira desde 2005 a votar contra uma decisão do Fomc.
Reações do mercado e de estrategistas
UBS:
“Há risco de que o Fed não corte em março. Caso os dados de inflação surpreendam para cima ou ocorra estímulo fiscal inesperado (como o pacote do governo Trump via reconciliação), o Fed pode adiar um corte em março, o que dificultaria alcançar 100 pontos-base de cortes no ano.”
“Em geral, acreditamos que os investidores devem se preparar para uma desaceleração no ritmo de cortes em 2025 e maior volatilidade no curto prazo, à medida que os mercados se ajustam à postura do Fed. Contudo, embora o ritmo possa ser mais lento, a direção segue clara.”
Yardeni Research:
“O mercado acionário pode permanecer instável até janeiro. Alguns investidores podem optar por realizar lucros significativos no início do próximo ano, adiando o pagamento de impostos sobre ganhos de capital.”
“Não descartamos uma correção de 10%, mas vemos isso como uma oportunidade de compra, não como motivo para pânico. Ainda projetamos o S&P 500 atingindo 7.000 pontos até o final do próximo ano.”
Goldman Sachs (NYSE:GS):
“A liderança do Fed parece compartilhar nossa visão moderada de que a inflação está retornando à meta e que o arrefecimento do mercado de trabalho ainda exige atenção. Powell reiterou quatro vezes que a política monetária continua ‘significativamente restritiva’. Contudo, outros membros do Fed demonstraram uma postura mais conservadora do que antecipávamos, especialmente considerando o risco de tarifas, o que pode limitar cortes futuros.”
Wells Fargo (NYSE:WFC):
“A reunião do Fomc nos leva a acreditar que, salvo algum evento inesperado, o Comitê deve manter as taxas inalteradas em seu próximo encontro, em 29 de janeiro. Ainda assim, esperamos que o Fed continue flexibilizando a política no próximo ano, embora em ritmo mais lento.”
Barclays (LON:BARC):
“Mantemos nossa projeção de que o Fomc cortará a taxa duas vezes no próximo ano, em março e junho, com ajustes de 25 pontos-base. Esperamos que a inflação núcleo do PCE volte a subir no segundo semestre de 2025 devido a tarifas de importação e restrições migratórias mais rígidas. Acreditamos que os cortes sejam retomados em meados de 2026, com dois ajustes de 25 pontos-base, levando a faixa-alvo a um nível moderadamente restritivo de 3,25%-3,5%.”
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