Politburo da China reage com medidas preventivas a barreiras tarifárias
Investing.com – O Politburo chinês anunciou planos para adotar uma política monetária "moderadamente frouxa" e implementar "ajustes anticíclicos não convencionais" durante sua reunião de dezembro, segundo relatório do Bank of America (NYSE:BAC) divulgado na terça-feira.
Essa é a primeira vez desde 2011 que termos como esses são usados, destacando a urgência em enfrentar a fraqueza na demanda agregada e estabilizar mercados essenciais, em meio à ampliação de barreiras comerciais na Europa e EUA.
"A postura geral da política agora é mais veemente e otimista do que a apresentada na reunião do Politburo de 26 de setembro", afirmou o BofA.
O banco explicou que os líderes chineses reafirmaram seu compromisso em estabilizar os mercados imobiliário e acionário, ao mesmo tempo em que buscam soluções para os desafios fiscais enfrentados pelos governos locais.
Medidas mais detalhadas devem ser apresentadas na Conferência Central de Trabalho Econômico (CEWC), embora metas específicas de crescimento e estímulo fiscal provavelmente só sejam divulgadas em março, durante o Congresso Nacional do Povo.
O BofA acredita que a flexibilização monetária pode incluir um corte na taxa de reserva obrigatória (RRR), especialmente antes do Ano Novo Lunar, período em que a liquidez costuma se tornar mais escassa.
"Uma possível ação de curto prazo na política fiscal seria a continuidade de subsídios governamentais para compras de automóveis e eletrodomésticos", afirmou o BofA, sugerindo também medidas para ampliar os gastos dos governos locais e aumentar sua eficiência.
Os mercados reagiram positivamente a esses sinais, elevando as expectativas de mais subsídios ao consumidor e estímulos adicionais ao consumo.
Segundo o BofA, medidas fiscais "mais proativas" devem complementar os ajustes monetários, com estratégias detalhadas a serem divulgadas na CEWC.
"A menos que o impacto das tarifas dos EUA seja muito grande e imediato, acreditamos que novos estímulos só devem ser considerados durante as Duas Sessões em março", concluiu o banco.
Crescimento em risco
O aumento planejado de tarifas pelos Estados Unidos sobre produtos chineses pode ter impacto na economia da China, reduzindo o PIB do país em até 1,5% nos próximos anos, de acordo com análise da ANZ Research.
Esse cenário considera tarifas de até 60%. Durante sua campanha eleitoral, o presidente eleito Donald Trump prometeu revogar o status de nação mais favorecida da China e impor tarifas superiores a 60% sobre importações chinesas.
A análise se baseia em lições da guerra comercial entre EUA e China (2018–2020), que mostrou como as tarifas pressionaram o comércio bilateral. A ANZ destacou que as medidas anunciadas por Trump ecoam suas políticas anteriores e devem intensificar as interrupções comerciais.
Desde 2018, a China tem diversificado suas parcerias comerciais para reduzir a dependência dos Estados Unidos. Em 2023, a participação das importações dos EUA provenientes da China caiu para 12,2%, uma redução de 5,1 pontos percentuais em relação a 2018, conforme os analistas da ANZ.
Paralelamente, a China aumentou o comércio com países da ASEAN e da América Latina. No entanto, essa estratégia enfrenta limitações devido a pressões deflacionárias e riscos de excesso de capacidade, o que dificulta o redirecionamento de exportações para outras regiões, afirmaram os analistas.
A ANZ também alertou contra o uso da desvalorização cambial como resposta, ressaltando sua eficácia limitada. Uma depreciação de 20% do yuan chinês reduziria os preços no varejo dos EUA em apenas 4,4%, tornando essa opção menos viável devido ao risco de fuga de capitais.
Com o realinhamento das cadeias globais de suprimentos ganhando força, países como México e Vietnã surgiram como os principais beneficiários de investimentos chineses. Entretanto, o aumento das tensões comerciais pode complicar ainda mais esse cenário.
Embora a menor dependência do comércio com os EUA ofereça alguma proteção à China, os aumentos esperados nas tarifas devem pressionar o crescimento econômico e o equilíbrio comercial do país no curto prazo, concluíram os analistas da ANZ.
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