Investing.com – Com o fim do terceiro trimestre de 2024, as ações europeias se preparam para uma temporada de resultados desafiadora, com previsões apontando para o retorno de um crescimento negativo dos lucros.
Os analistas do BofA Securities (NYSE:BAC) projetam uma queda de 1% no lucro por ação (LPA) do Stoxx 600 em comparação ao mesmo período do ano passado, revertendo o crescimento de 6% observado no segundo trimestre, que havia trazido algum otimismo após uma série de quedas desde 2022. A contração nas vendas, prevista para ser de 2%, é a principal responsável por essa desaceleração, parcialmente compensada pela expansão modesta das margens de lucro.
A revisão negativa nas projeções reflete tanto desafios específicos de empresas quanto pressões macroeconômicas mais amplas. As revisões para baixo nas orientações de lucro no segundo trimestre, especialmente em setores como bens de luxo, bens de consumo básico e automóveis, somadas a surpresas negativas nos dados macroeconômicos da zona do euro, agravam a perspectiva para os lucros.
O desempenho por setor deve variar bastante, com consumo discricionário e energia liderando as perdas, impactados pela queda na demanda e pela volatilidade dos preços energéticos. Por outro lado, o setor financeiro surge como um dos poucos pontos de apoio, com expectativas de sustentar o índice. Sem a contribuição dos bancos, a projeção de queda no LPA do Stoxx 600 seria ampliada para 6%.
Materiais básicos e industriais são os outros dois setores com projeções positivas. A alta nos preços das commodities e a melhora nas cadeias de suprimentos podem elevar a lucratividade dos materiais básicos. Já os industriais, vinculados a ciclos de infraestrutura e investimento de capital, devem ver uma demanda mais estável que favoreça o crescimento do LPA.
No cenário macroeconômico, a deterioração da economia europeia nos últimos meses tem levado a revisões de 4% para baixo nas estimativas de LPA desde junho, enquanto as projeções de vendas recuaram 3%. O sentimento pessimista é ampliado pela queda no índice de "EPS beat ratio" (taxa de superação de expectativas do LPA), que deve ficar abaixo de 50%, indicando que menos empresas deverão superar o consenso de lucros em relação à média histórica e aos 54% e 51% do primeiro e segundo trimestres, respectivamente.
A temporada de resultados deve avançar rapidamente, com cerca de 50% das empresas do Stoxx 600 divulgando seus balanços até o fim de outubro. Apesar da perspectiva negativa para o terceiro trimestre, existe um otimismo cauteloso para o quarto trimestre, com previsões de crescimento de 5% no LPA ano a ano. No entanto, essa recuperação dependerá fortemente da evolução da economia da zona do euro nos próximos meses, em meio à persistente incerteza global.
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