Selic: Copom acelera alta da taxa de juros em meio ponto percentual, para 11,25%

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Investing.com - O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central acelerou o aperto monetário nesta quarta-feira (6) ao elevar a taxa básica de juros, a Selic, em meio ponto percentual. A taxa Selic subiu de 10,75% para 11,25% ao ano. A decisão na penúltima reunião do Copom em 2024 foi unânime. O derradeiro encontro deste ano ocorre em 11 de dezembro.

O tom do comunicado veio mais hawkish em relação ao anterior. Os trechos com mudanças significativas estão relacionados com o cenário externo e a política fiscal.

Cenário externo

Apesar de citar que o "ambiente externo permanece desafiador", o comunicado atual enfatizou que a "conjuntura econômica incerta dos EUA" é o que pesa mais para essa avaliação. "O que suscita maiores dúvidas sobre os ritmos de desaceleração, da desinflação e, consequentemente, sobre a postura do Fed", enfatiza o comunicado, referindo-se às mudanças de políticas econômicas nos EUA com a vitória do republicano Donald Trump à eleição presidencial, vista como inflacionária pelos economistas.

No comunicado anterior, foi citado que os EUA estavam em um "momento de inflexão do ciclo econômico nos EUA". Vale ressaltar que o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), começou o ciclo de afrouxamento monetário com um corte de meio ponto percentual na taxa de juros. No entanto, dados do mercado de trabalho e da inflação ao consumidor vieram acima do esperado - além do núcleo do PCE estar longe da meta de inflação de 2% - e levou a uma reinterpretação do Fed em relação às condições para manter o ritmo de corte de juros na reunião de amanhã. Com isso, a expectativa do mercado é de uma diminuição da magnitude de cortes do Fed para 0,25 ponto percentual. A vitória de Trump adicionou incerteza ao cenário.

Cenário Fiscal

O colegiado chamou indiretamente a atenção do governo, solicitando um pacote de corte de gastos que visa a trajetória sustentável da dívida e, assim, contribuir para a ancoragem da expectativa da meta de inflação para a meta de 3% ao ano e da redução nos prêmios de risco. Além de citar que o cenário fiscal afeta, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes, como no comunicado anterior, agora o Copom enfatiza que a incerteza fiscal está impactando na alta do dólar, um dos fatores do balanço de risco que pode contribuir para um cenário de alta no nível de preços.

Outra mudanças

O dólar no cenário de referência subiu de R$ 5,60 para R$ 5,75. Além disso, a projeção do IPCA neste cenário do Copom rompe o teto superior da meta de inflação em 2024, com expectativa de encerrar o ano em 4,6% (ante 4,3%). Para 2025, subiu de 3,7% para 3,9%. Já o horizonte de política monetária está agora no 2º trimestre de 2026, e a projeção do IPCA daqui a 18 meses está em 3,6%, acima da projeção de 3,5% no comunicado anterior para o 1º trimestre de 2026.

Confira abaixo o comunicado completo da decisão:

O ambiente externo permanece desafiador, em função, principalmente, da conjuntura econômica incerta nos Estados Unidos, o que suscita maiores dúvidas sobre os ritmos da desaceleração, da desinflação e, consequentemente, sobre a postura do Fed. Os bancos centrais das principais economias permanecem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas em um ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho. O Comitê avalia que o cenário externo, também marcado por menor sincronia nos ciclos de política monetária entre os países, segue exigindo cautela por parte de países emergentes.

Em relação ao cenário doméstico, o conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho segue apresentando dinamismo. A inflação cheia e as medidas subjacentes se situaram acima da meta para a inflação nas divulgações mais recentes.

As expectativas de inflação para 2024 e 2025 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 4,6% e 4,0%, respectivamente. A projeção de inflação do Copom para o segundo trimestre de 2026, atual horizonte relevante de política monetária, situa-se em 3,6% no cenário de referência (Tabela 1).

O Comitê avalia que há uma assimetria altista em seu balanço de riscos para os cenários prospectivos para a inflação. Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, destacam-se (i) uma desancoragem das expectativas de inflação por período mais prolongado; (ii) uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais apertado; e (iii) uma conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário, por exemplo, por meio de uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada. Entre os riscos de baixa, ressaltam-se (i) uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada; e (ii) os impactos do aperto monetário sobre a desinflação global se mostrarem mais fortes do que o esperado.

O Comitê tem acompanhado com atenção como os desenvolvimentos recentes da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros. A percepção dos agentes econômicos sobre o cenário fiscal tem afetado, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes, especialmente o prêmio de risco e a taxa de câmbio. O Comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida, com a apresentação e execução de medidas estruturais para o orçamento fiscal, contribuirá para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária.

O cenário segue marcado por resiliência na atividade, pressões no mercado de trabalho, hiato do produto positivo, elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas, o que demanda uma política monetária mais contracionista. Considerando a evolução do processo de desinflação, os cenários avaliados, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual, para 11,25% a.a., e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego.

O ritmo de ajustes futuros na taxa de juros e a magnitude total do ciclo de aperto monetário serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerão da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos.

Votaram por essa decisão os seguintes membros do Comitê: Roberto de Oliveira Campos Neto (presidente), Ailton de Aquino Santos, Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Gabriel Muricca Galípolo, Otávio Ribeiro Damaso, Paulo Picchetti, Renato Dias de Brito Gomes e Rodrigo Alves Teixeira.

Isenção de responsabilidade: este artigo representa apenas a opinião do autor e não pode ser usado como consultoria de investimento. O conteúdo do artigo é apenas para referência. Os leitores não devem tomar este artigo como base para investimento. Antes de tomar qualquer decisão de investimento, procure orientação profissional independente para garantir que você entenda os riscos.

 

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