Copom hawkish: Colegiado endureceu o tom, avaliam especialistas após ata
Investing.com – O tom do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central pareceu mais cauteloso (hawkish) na ata do que no comunicado, apontaram economistas de mercado após a divulgação do documento nesta terça, em que a autoridade monetária destrincha as discussões na última reunião, quando definiu pela manutenção da taxa de juros Selic em 10,5%. Apesar da decisão pela manutenção, a ata demonstrou que o Copom avalia, de forma unânime, que pode inverter o ciclo anterior e subir os juros novamente, se for necessário.
O JP Morgan considerou a ata como mais hawkish, mas ultrapassada, diante de novos dados econômicos americanos que afetam as perspectivas econômicas globais, como o relatório de empregos payroll americano da última sexta. Além disso, entendeu como mensagem principal a necessidade de vigilância e cautela devido aos riscos de alta para as previsões de inflação do Banco Central, o que pode levar a autoridade monetária a subir os juros, se necessário, mas sem assumir um compromisso com futuras decisões.
“O conselho sublinhou a importância de monitorar a evolução externa, nomeadamente em meio a maior incerteza sobre as perspectivas globais, argumentando mais uma vez que há não há ligação mecânica entre as taxas internas e as dos EUA”, destaca Cassiana Fernandez, economista-chefe do JP Morgan em relatório.
Ainda que o Copom tenha dito que não existe uma ligação mecânica do câmbio com os juros, ponderou que mudanças mais abruptas no câmbio exigem mais cautela. O banco segue estimando juros mantidos nas próximas reuniões e que eventuais altas exigiriam deterioração nas expectativas inflacionárias.
Por outro lado, Solange Srour, economista de macroeconomia brasileira do UBS Global Wealth Management, avalia que a ata segue atualizada mesmo com o cenário externo dos últimos dias, ao reforçar “que um cenário de maior incerteza global e de movimentos cambiais mais abruptos exige maior cautela na condução da política monetária doméstica”.
Srour afirmou ainda em suas redes sociais que “fazia tempo que não via uma ata tão transparente, reduzindo ruídos e nos deixando menos vulneráveis aos ventos externos”.
O Itaú (BVMF:ITUB4) disse que o documento demonstrou um Copom pronto para puxar o gatilho, em sua visão, em referência a possíveis altas.
“A ata do Copom transmitiu a mensagem que o comunicado não entregou: ficou claro que todo o comitê, não apenas alguns membros, está pronto para aumentar a taxa Selic caso as tendências recentes nas expectativas de inflação e na dinâmica da taxa de câmbio persistam”, disse o economista-chefe Mario Mesquita em relatório.
O Itaú entende que a moeda brasileira tende a se fortalecer nas próximas semanas, à medida que os mercados globais se acalmarem, o que leva à expectativa de manutenção da Selic no patamar atual. No entanto, se o dólar não parar a apreciação ante o real, o banco enxerga aumento em setembro.
Jose Francisco Lima Gonçalves, economista-chefe do banco Fator, acredita que o comunicado havia sido duro, mas a ata foi mais além, ao indicar riscos mais elevados e incluindo “alta da Selic no cardápio dos próximos passos”. Com projeção de Selic mantida até final do ano, o especialista pondera que disposição, no entanto, não é compromisso, e novas decisões dependem de dados e eventos futuros no cenário doméstico e internacional.
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