Dólar: Real está sofrendo um ataque especulativo, diz economista

Investing.com
Atualizado em 01/07/2024 01:46
Mitrade Team
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Fonte: DepositPhotos

Investing.com - O dólar disparou mais de 1% em relação ao real na manhã desta sexta-feira (28). No último dia de negociação do mês de junho, a moeda americana já acumula alta de 6,09%. No ano, o avanço é de 14,5%.

Às 12h12, o dólar futuro era cotado a R$ 5,55, arrefecendo a alta diária para 0,87%. A moeda americana atingiu a máxima de R$ 5,5847 no dia.

"Não há outro termo para usar: o real está sofrendo um ataque especulativo", afirma o economista André Perfeito em comentários enviados a clientes. A análise de Perfeito contrapõe dados fundamentalistas da economia brasileira, especialmente de variáveis ligadas ao setor externo, contra a percepção de crise fiscal no mercado.

"O mercado se posicionou contra o Real depois de tantas mensagens truncadas [do Banco Central], isso cria uma situação onde (sic) os agentes, mesmos os que não achem que seja o fim do mundo, virem a mão para ganhar com a queda do Real, afinal não há porque se posicionar de maneira diferente", diz o economista ao apontar que "não consigo pensar em outro motivo que não seja a sinalização por parte da Autoridade Monetária que há uma crise contratada por conta do fiscal."

LEIA MAIS: Campos Neto diz que ajuste fiscal via receita pressiona inflação e reduz crescimento

Perfeito avalia que as variáveis atuais da economia brasileira estão melhores do que anos atrás, o que não condizem com a trajetória forte desvalorização do real. O economista aponta:

  1. diferencial de juros mais favorável à economia brasileira devido à manutenção da taxa Selic em 10,5%;

  2. balança comercial continua positiva, embora esteja perdendo força, mas o "Real mais fraco irá desincentivar as importações";

  3. dados econômicos bons, apontando à taxa de desemprego divulgada hoje;

  4. empresas públicas dando lucro;

  5. estabilidade de preços;

  6. banco central independente, apesar da tensão envolvendo o Palácio do Planalto e o presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto.

Em relação à situação fiscal, Perfeito avalia que o "ajuste é realizado aos poucos pelo lado da receita, mas a sinalização por parte do Banco Central está deixando tudo mais confuso". O receituário para desarmar esse ataque apresenta duas ações, na avaliação do economista:

  1. Intervenções no mercado para atenuar a volatilidade;

  2. Comunicação simples do Banco Central indicando um movimento exagerado no câmbio.

" A Autoridade Monetária precisa urgentemente voltar a utilizar o instrumento de comunicação de maneira assertiva", recomenda Perfeito ao criticar a "terceirização para o Focus da política monetária". A situação não tende a se normalizar rápido, segundo o economista, e a taxa de câmbio passa a depender para se equilibrar do início do ciclo de corte de juros pelo Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA).

Isenção de responsabilidade: este artigo representa apenas a opinião do autor e não pode ser usado como consultoria de investimento. O conteúdo do artigo é apenas para referência. Os leitores não devem tomar este artigo como base para investimento. Antes de tomar qualquer decisão de investimento, procure orientação profissional independente para garantir que você entenda os riscos.

 

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